Se há uma coisa que eu gosto é de viajar. A sensação de viajar é semelhante àquela que se apodera de nós quando vamos a um restaurante e o funcionário coloca-nos à frente um prato com muito bom aspecto.
Tudo indica que aquela comida estará deliciosa, porque tem aspecto de o ser, mas só no momento em que, efectivamente, colocamos o paladar em acção, é que podemos tirar as devidas ilações.
Algumas vezes a comida está, de facto, deliciosa e deleitamo-nos com cada bocado daquele manjar dos deuses. Outras, porém, o paladar não faz jus ao aspecto espampanante que nos delicia (somente) os olhos.
É assim que eu me sinto quando vou viajar, sinto-me em vias de “provar” algo cujo aspecto é extraordinariamente inebriante. Sinto o mesmo arrepio que me percorreu o corpo quando fiz slide pela primeira vez. Ainda me recordo do cenário: subi até o cimo de uma pequena cascata e deslizei por entre as montanhas, finalizando o percurso num pequeno ribeiro poucos metros abaixo. Foi uma experiência tão interessante que eu acabei por repetir pouco tempo depois.
Existem também aquelas viagens que fazemos sem sair do local onde nos encontramos e, apesar disso, tudo parece tão real na nossa mente que é como se estivemos, de facto, perante aquele cenário por nós idealizado. É como imaginar o Benfica a ser campeão… os festejos efusivos… e depois damo-nos de conta que não estamos lá, que o Benfica não ganhou o campeonato e, apesar de tudo, acreditamos que isso é verdade, porque para nós é verdade e ninguém que diga o contrário porque nós nem queremos saber.
É assim que eu vejo as viagens, como um campeonato que está mais que ganho, mesmo quando estou na última posição da tabela classificativa e sinto-me orgulhosa por isso, apesar de ao sair do estádio ser contemplada com os adeptos a acenar-me com lenços brancos.
Para a próxima época há mais, descansem!