quinta-feira, abril 30, 2009

A caminho do desconhecido…



Se há uma coisa que eu gosto é de viajar. A sensação de viajar é semelhante àquela que se apodera de nós quando vamos a um restaurante e o funcionário coloca-nos à frente um prato com muito bom aspecto.

Tudo indica que aquela comida estará deliciosa, porque tem aspecto de o ser, mas só no momento em que, efectivamente, colocamos o paladar em acção, é que podemos tirar as devidas ilações.

Algumas vezes a comida está, de facto, deliciosa e deleitamo-nos com cada bocado daquele manjar dos deuses. Outras, porém, o paladar não faz jus ao aspecto espampanante que nos delicia (somente) os olhos.

É assim que eu me sinto quando vou viajar, sinto-me em vias de “provar” algo cujo aspecto é extraordinariamente inebriante. Sinto o mesmo arrepio que me percorreu o corpo quando fiz slide pela primeira vez. Ainda me recordo do cenário: subi até o cimo de uma pequena cascata e deslizei por entre as montanhas, finalizando o percurso num pequeno ribeiro poucos metros abaixo. Foi uma experiência tão interessante que eu acabei por repetir pouco tempo depois.

Existem também aquelas viagens que fazemos sem sair do local onde nos encontramos e, apesar disso, tudo parece tão real na nossa mente que é como se estivemos, de facto, perante aquele cenário por nós idealizado. É como imaginar o Benfica a ser campeão… os festejos efusivos… e depois damo-nos de conta que não estamos lá, que o Benfica não ganhou o campeonato e, apesar de tudo, acreditamos que isso é verdade, porque para nós é verdade e ninguém que diga o contrário porque nós nem queremos saber.

É assim que eu vejo as viagens, como um campeonato que está mais que ganho, mesmo quando estou na última posição da tabela classificativa e sinto-me orgulhosa por isso, apesar de ao sair do estádio ser contemplada com os adeptos a acenar-me com lenços brancos.
Para a próxima época há mais, descansem!

quarta-feira, abril 29, 2009

























De mãos abertas
Escancaradas!
Ecoa a vida mundana
Lascas de um finito intrusivamente infinito
Desinteressante,
Como meras ovelhas tresmalhadas.

Tilinta a consciência emudecida
Cacos de um tesouro desenterrado
Velharias fúteis e exorbitantes
Que realçam o amor ressuscitado.

Vidros estilhaçados varrem o acobardamento
Atulhado numa mala…
(Sei lá! Talvez algum dia…)
Vareja o cano de esgoto acabrunhado
(Não sei! Já disse!)
É afoiteza?!
(O assunto está encerrado!)


Cláudia Nóbrega
12 de Abril de 2009

terça-feira, abril 28, 2009

Evolução


…eis uma das maravilhas de viver numa ilha com um clima subtropical: o dia começou com uma chuvada, digna daqueles dias, tipicamente, invernais e agora está um sol maravilhoso que faz esquecer a roupa molhada pela chuva da manhã.

Esta alternância de estado climático ou climatérico reporta-nos para uma interpretação bem mais profunda do fenómeno se o transpusermos para a nossa vida.

Se recuarmos no tempo e fizermos uma sucinta pesquisa histórica apercebemo-nos de que muitas foram as alterações que caracterizaram a história da humanidade. Umas alterações foram bastante imponentes outras, porém, foram bem mais subtis, mas surtiram efeitos, igualmente, proeminentes.
Esta é uma leitura, claramente, macro da situação, por isso, vamos fazer uma análise mais micro, recorrendo a um lupa (ou talvez baste um espelho).

E nós que mudanças temos feito na nossa vida?

Temos evoluído enquanto pessoas ou estamos estagnados ou quiçá em regressão?

A mudança ou evolução não parte dos outros, mas sim de cada uma de nós em função do todo, de modo a elevarmos, continuamente, o nível de consciência da humanidade.

Visão utópica?

Talvez… mas a utopia ainda tem uma conotação um pouco ingrata, remetendo-nos para a intangibilidade dos nossos objectivos, quando a sua tangibilidade só depende de nós.

Ora, na minha modesta interpretação a utopia é um patamar que conseguimos atingir, se para isso, tomarmos por companhia a certeza de que nada é certo e de que podemos sempre evoluir pessoal e espiritualmente, numa evolução sem porto de chegada.

Aliás, mesmo que houvesse um porto de chegada eu não queria lá chegar pois o caminho, por si só, é verdadeiramente fascinante e espectacular…

sábado, abril 25, 2009

Elogios masculinos...


Alguém consegue explicar o motivo pelo qual sempre que algum indivíduo do sexo masculino faz um elogio a um do sexo feminino ninguém o leva a sério e torcem o nariz esboçando um sorriso maroto?

“Pois… sei!” – dizem com um ar de sexta-feira quando já a noite vai longa e os níveis de alcoolemia já permitem conduzir um carro em linha curva.

Então que sabedoria suprema é essa ou que fórmula super secreta se esconde por detrás da raiz quadrada do raciocínio sobre o qual me debruço?

Não quero originar um “Prós e Contras” nem descobrir o sexo dos anjos porque toda a gente sabe que a RTP já deu o que tinha a dar e que os anjos têm mais que façam sem ser debruçar-se sobre temas pseudo-intelectuais que só ficam bem quando se lhes junta uns indivíduos com um ar intelectual que se auto-designam de “especialistas”, quando a sua única especialidade é a trivialidade de não saberem nada sobre coisa alguma.

Ora, eu como pseudo-entendida no assunto afirmo convictamente que não percebo nada de cálculo matemático, quando se lhe adiciona a probabilidade de obter um elogio sem qualquer auto-proveito. Tenho de averiguar se uso os arranjos ou combinações para chegar a um resultado exacto que possa exibir na tentativa de que ninguém o questione.

Até digo mais, tenho sérias dúvidas de que este processo desencadeie um reflexo condicionado que depois se acciona cada vez que se fizer soar a campainha do discurso, impecavelmente articulado, numa teia de aranhas que numa só vassourada se desfaz.

Mas de momento o canil está encerrado para obras e os processos pavlovianos já estão, ligeiramente, ultrapassados. Insisto no raciocínio lógico-matemática e asseguro que depois do cálculo efectuado não haverá qualquer margem para a mais ignóbil incerteza.

sexta-feira, abril 24, 2009

Simplesmente escrever…

Existem dias em que cresce em nós a vontade de escrever qualquer coisa sem sabermos bem o que escrever. Escrever só porque apetece escrever, escrever sobre qualquer coisa, pessoa ou situação.

Depois, quando parece que não temos nada para escrever, escrevemos sobre tudo e sobre nada, sobre o infinito e o finito, sobre a dia e a noite, como se isso fosse, realmente, importante e merecesse ficar registado, mas merece de tal forma que acaba por ficar imortalizado.

Então hoje escrevo sem saber o que escrever quando tenho tanto para dizer e nem sei por onde iniciar. Escrevo porque gosto das palavras, da sua conjugação, das frases que consigo construir sem grande esforço e porque posso reler o texto e achar que nada disto faz sentido, mas faz, eu é que não consigo conferir um sentido a algo que transcende até o mais ínfimo ou grandioso sentido.

As palavras equiparam-se ao toque de um telemóvel, alto e ritmado, num momento em que nós não queríamos ser interrompidos, de forma alguma. E quando o telemóvel toca, tudo se desmorona, sem se ter dado a construção.

Existem momentos em que proferir qualquer palavra torna-se desnecessário porque existem coisas inexprimíveis… são coisas que nem sei bem o que são. Serão sentimentos? Emoções? Não sei… mas sinto que transcende todas estas inutilidades.

Queria dizer mais do que aquilo que digo, mas não sei o quê. Escrevi tanto, palavras atrás de palavras, preenchendo folhas, umas atrás das outras, e sinto que não disse nada, absolutamente nada. Será porque o dicionário ainda é muito restrito e aquilo que quero dizer ainda não é um vocábulo com um significado perceptível?

Eu sei que não preciso escrever mais porque tenho a estranha certeza de que te identificas com cada palavra que aqui coloquei, numa tentativa de embelezar este texto. Sei que me ajudarás a encontrar novos vocábulos que expliquem ao mundo aquilo que sentimos sem precisar proferir qualquer palavra…

quarta-feira, abril 08, 2009

(Sem Título)

Forma de saudação: “Hello darling”.

Facto: Não constava nenhum “lol” ou “hehe” à frente.

Suposição: o assunto parece sério.

Constatação (em jeito de dúvida): afinal o assunto não era sério (ou era?!).

Despedida: inexistente. Parece uma espécie de filme de terror que acaba com uma frase do género: “e viveram felizes para sempre!”.

Hãn?!

É assim que nós nos sentimos, com um grande ponto de interrogação na mente.

Sim, “nós”, já que esta é uma pertinente dúvida existencial partilhada.

É hora de vestir-se a rigor:

Gabardine – Confirmado!
Óculos escuros – Confirmado!
Lupa – Confirmado!

LIGHTS, CAMERA, ACTION!

terça-feira, abril 07, 2009

Diálogos paralelos na diagonal horizontalmente falando

Num destes dias tudo indicava para que aquele fosse um dia normal. Evidentemente que o conceito de normalidade é altamente subjectivo e, portanto, discutível.

Todavia ao dirigir-me para o meu local de trabalho cruzei-me com uma daquelas criaturas que ao adicionar-se à minha pessoa o resultado é sempre muito… como direi?! Explosivo é o termo!

Ora, no meio do nosso sempre interessante diálogo, a criatura proferiu as seguintes palavras: “tu és um produto da minha imaginação”.

Aquilo que posso acrescentar a estes estupendos e inigualáveis vocábulos é tão-somente que uma imaginação que conceba uma criatura como eu está muito para além da categoria de “fértil”…